🚬 "O cigarro que tem de tudo, menos tabaco"
O brasileiro tem o dom de fazer milagre com pouco. Mas tem gente que, em vez de milagre, prefere a malandragem mesmo. A cena é clássica: o tiozão chega no bar, tira do bolso aquele pacotinho suspeito de Eight ou San Marino — R$ 6,00 a unidade, dá um trago fundo e solta a frase de sempre: “Esse aqui é melhor que Marlboro, confia!”
Melhor é o caramba. O que tem dentro, se brincar, é capim, graveto, farelo de madeira e, com sorte, um traço de tabaco. Se bobear, vem até com perna de grilo de brinde. Só que a diversão da contravenção acaba quando a fumaça sobe e a Polícia Federal desce.
Na manhã desta terça-feira (15), a PF deflagrou a Operação CHRYSÓS, que desmantelou uma fábrica clandestina de cigarros em Ourinhos/SP. Lá dentro, o cenário era digno de filme de terror: trabalhadores paraguaios mantidos em condições análogas à escravidão, isolados do mundo, dormindo em alojamentos precários e enfrentando jornadas de trabalho brutais. Tudo isso pra fabricar o famoso “importado de procedência duvidosa” que chega na sua mão por meia dúzia de reais.
A operação identificou um verdadeiro festival de crimes:
Redução à condição análoga à de escravo
Tráfico de pessoas com fins de trabalho forçado
Falsificação de marcas
Descaminho
Crimes contra a saúde pública
Promoção de migração ilegal
A organização criminosa operava como uma máquina suja de lucro. Produzia cerca de 60 mil maços de cigarro por dia, vendia barato, enganava o consumidor e, de quebra, destruía a dignidade de quem estava por trás da produção.
Participaram da ação 50 agentes da Polícia Federal, além de equipes do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e bloqueio de R$ 20 milhões em bens nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.
E o nome da operação? CHRYSÓS. Parece nome de cigarro gourmet, mas na verdade vem do grego e significa "ouro" — uma alusão ao lucro ilegal e sujo que essa quadrilha obtinha às custas da miséria humana.
Agora é esperar que a justiça faça o resto. E pra quem insiste em acender esse tipo de cigarro, vale lembrar:
cada tragada pode não só custar seu pulmão, mas também financiar sofrimento humano.
Redação da matéria: Maurício Alves
Editora Web Site: Larissa Geovanna
Plantão do Povo





